"Se eu viver com medo, não vou sair de casa, não vou, de fato... viver"
Acho que, mesmo sem perceber, tenho a tendência de pular a leitura de contos no geral. No conto é muito mais difícil, em poucas páginas, o autor conseguir prender a atenção do leitor e fazer com que o mesmo absorva a totalidade da história, sem ter aquela impressão de que tudo foi narrado de uma maneira tão enxuta, ou de que a história não está completa. Normalmente esse tipo de história tende a não ser tão atrativa para mim, que acabo optando por um livro mais longo onde tudo se distribua - e seja construído - no decorrer das páginas. Apesar disso, ainda assim quis dar uma chance para "Heroínas".
Acabei lendo os contos fora de ordem porque estava doida para ler o da Pam primeiro, já que nunca li nada dela, apesar de ter "O amor nos tempos de #likes" por aqui. O conto da Pam adapta "O Rei Arthur e Os Cavaleiros da Távola Redonda". Em "Formandos da Távola Redonda", a estudante Marina tem que tomar as rédeas da arrecadação do dinheiro da formatura frente ao sumiço do mesmo. Dessa forma, Marina consegue reunir um grupo de garotas para reverter essa situação e tentar realizar a festa que planejaram. Eu gostei bastante da narrativa em terceira pessoa e a forma como a Pam começou o conto dela, aguçando a curiosidade do que estava por vir. Alguns personagens foram um pouco clichês, mas cumpriram bem o seu papel. Em outros momentos, consegui antecipar o que aconteceria no futuro, o que acabou tirando o fator surpresa pra mim. Por conta disso, senti falta de momentos de clímax na história que poderiam movimentar bem as coisas e fazer a diferença.
O segundo que eu li foi o da Ray. Lembra quando eu disse que é muito difícil um conto realmente me prender na leitura por conta da brevidade que a história tem? Com esse conto, isso não aconteceu. Não sei como a Ray conseguiu enfiar tantos acontecimentos nesse conto, dando a impressão de que estávamos diante de um livro grande, e não de um conto rs. Tem muita coisa acontecendo, mas ao mesmo tempo é uma história tão bem desenvolvida, divertida, com tanta ação que você não tem a impressão de que está lendo um conto. Ao terminar a leitura, tive a impressão de que a história se fechou certinha, de uma forma muito harmônica. O conto da Ray adapta Robin Hood e conta a história da Roberta que, indignada com a situação da comunidade em que vive, decide usar sua habilidade como hacker para corrigir algumas injustiças sociais.
O terceiro que li foi o da Laura Conrado que adaptou "Os Três Mosqueteiros". Nele, acompanhamos sob a visão de Daniela, uma garota apaixonada por animais que tem o sonho de fazer parte de uma ONG e lutar ainda mais pela causa que acredita. Eu gostei da proposta da história, amo animais e achei muito bacana a abordagem que ela trouxe, além da temática do resgate dos mesmos! Porém, ao mesmo tempo, não consegui me conectar totalmente com a história e me sentir cativada pelos personagens, ao ponto de ter aquela necessidade de prosseguir com a leitura.
Numa avaliação geral, eu gostei do livro como um todo, apesar de ter esperado um pouco mais sobre a história. Acho bacana ressaltar que um ponto muito positivo nesse livro é o fato de os três contos, de certa forma, conversarem entre si, abordando a questão da sororidade, empatia e a importância da amizade.
INFORMAÇÕES:
Livro: Heroínas
Autoras: Laura Conrado, Pam Gonçalves e Ray Tavares
Páginas: 256
Ano de Publicação: 2018
Avaliação: 3 estrelas de 5 (BOM)
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Eu aprendi a escutar e a valorizar a fala da outra, ainda que, às vezes, seja uma fala diferente da minha; a voz de toda mulher deve ser respeitada. Sororidade é isso, né? É a gente se reconhecer uma na outra.