Alemão

Alemão é um filme nacional que muita gente deve ter desdenhado pelo simples fato de trazer mais uma vez um retrato da realidade criminal brasileira. Muitos poderiam classifica-lo apenas como uma produção onde é usada a tão comumente fórmula dos filmes brasileiros: sexo, tráfico, criminalidade, favela, drogas e muitos palavrões. Sim, esse filme tem um pouco disso tudo aí e talvez até eu tenha desdenhado um pouco em assisti-lo quando me surgiu a oportunidade por conta disso - não me leve a mal, mas achei que seria mais um filme igual a tantos outros que já assisti. Mas o fato é que “Alemão” é um filme muito bem elaborado que não se torna nem um pouco maçante. Pois é. Mesmo assim.



A trama se passa em novembro de 2010, quando cinco policiais infiltrados no morro do Alemão no Rio de Janeiro têm, por acaso, suas identidades descobertas pelos traficantes e passam a ser caçados por eles. Traíras, é como são considerados desde então. Os traficantes que estavam envolvidos com os “simples moradores da comunidade” até então, se sentem completamente apunhalados pelas costas ao descobrir que eles, na verdade, eram policiais. Alternando entre expor a visão do crime organizado e sua arquitetura para buscar os então policias considerados como “traíras”, e também a força que eles tem no meio da comunidade do Alemão, o filme procura exibir também a agonia e desespero de cinco policiais que oscilam entre tentar arquitetar um plano de salvarem suas vidas, com a dúvida permeando na cabeça de se foram entregues, quem foi o traidor que revelou suas identidades e desmoronou assim todo um trabalho ora antes construído.

As cenas principais oscilam entre a tensão do porão da pizzaria – que é o ponto de encontro onde os cinco policiais ficam escondidos, no meio da comunidade – e os conflitos que eles acabam travando entre si, afinal, a confiança de um para com o outro se torna tão quebrável e sensível como vidro e há certamente a agonia em não saber se terão socorro para tirar eles dali ou se os traficantes os acharão primeiro. Além dessa trama, o filme possui também outros acontecimentos que entremeiam com os primeiros, onde ficamos sabendo de antemão que um dos policiais está apaixonado/namorando a irmã de um dos integrantes do crime, e o líder do morro do Alemão, o chamado Playboy – interpretado por Cauã Reymond – tem um caso amoroso com uma moça que acaba se envolvendo de alguma forma com o grupo dos policiais.


Transformando assim o cenário da comunidade em um verdadeiro caos, a perseguição ultrapassa o limite do físico e alcança o desespero psicológico ao abordar o lado claustrofóbico onde os cinco policiais tem de tentar se manter sãos e não fazerem nenhuma besteira. Tipo, mesmo.

Como disse anteriormente, é claro que o filme traz elementos comumente vistos nas interpretações nacionais: o retrato das favelas/comunidades e o conflito entre bandido e polícia. Mas devo dizer que mesmo assim, o filme é muito bom! Consegue entreter e traz um suspense mais voltado ao psicológico, e algumas cenas de ação. Eu que não esperava que o filme fosse tão interessante assim, me vi com a atenção bem posta na telinha, sentindo tal tensão como os policiais; ansiando, desejando, torcendo para que tudo acabasse bem. E, apesar de o final fugir bastante do clichê que poderíamos apostar desde o início do filme, isso acaba aproximando os fatos um pouco mais da realidade. Afinal, o filme traz sim vários pontos que coincidem com a realidade. A triste realidade, vale se ressaltar.

INFORMAÇÕES:
Gênero: Ação
Duração: 1 hora e 49 minutos
Lançamento: março de 2014
Atores-destaques: Caio Blat, Cauã Reymond, Milhem Cortaz, Otávio Müller, Gabriel Braga Nunes, Antonio Fagundes e Marcelo Melo Jr.
Dirigido por: José Eduardo Belmonte
Assistiria novamente!
Trailer:

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