Casais Literários: Clara e Christian

Clara Pea e Christian Nilsson é o casal proposto no livro Um Lugar para Ficar, da autora Deb Caletti. O livro já foi resenhado no site e você pode ler o que achei do livro clicando aqui.

Clara Pea sempre foi uma garota insegura e isso a faz sentir um tanto quanto incomodada. Ela não é o tipo de garota que vai atrás de um cara, e quando conhece Christian, um garoto com uma bela aparência e um papo envolvente, acaba se mostrando o oposto do que costumava ser. Segura, sentindo borboletas no estômago e ‘no controle da situação’, Clara começa a gostar disso; mas a bela incógnita que lhe começa como um namorado, acaba transformando esse “mundo perfeito” em um completo caos.

“Você deixou que eu a beijasse”. “E eu deixaria novamente”. Minhas palavras tinham parecido ousadas e diretas (...) e ele pareceu agradecido e ligeiramente atordoado. Era uma sensação nova, e eu gostei. Tive certeza de que aquela sensação de poder me faria ser audaciosa novamente e mais atrevida também. (...) Parecia haver um turbilhão girando dentro de mim, e a maior de todas as ironias foi que a sensação mais intensa que eu experimentara nessa noite fora a do meu próprio poder.

Christian é um garoto alto, ombros largos, loiro, olhos azuis.  No início, é doce, tem um olhar penetrante, de fazer qualquer garota se derreter perto dele, um garoto apaixonante. Seu comportamento real se revela paulatinamente. Christian na verdade é um tanto quanto inseguro consigo, extremamente ciumento, controlador e um pouco agressivo em relação a garota com quem ele está. São esses os primeiros fatores que desencadeiam uma série de outros no relacionamento e vida do casal, transpondo a barreira do que de fato é bom em relacionamentos, para algo como relacionamento abusivo e graves consequências.

O relacionamento entre Clara e Christian se inicia como algo intenso e rápido demais. Clara acaba morrendo de amores pelo rapaz em pouco tempo, sendo o sentimento recíproco. Eles se conhecem em um jogo de basquete da escola dela contra a escola dele, compartilhando a mesma insatisfação de estarem ali. Ele está acompanhado de uma garota. Ela está com sua amiga Shakti que estava torcendo por seu namorado, Luke. Uma troca de olhares é suficiente para que os dois comecem a conversar, em uma oportunidade onde ficam a sós. E a partir de então, os encontros acabam se tornando mais frequentes. E o relacionamento vai sendo construído.

Clara e Christian começam como um casal apaixonado, dois vulcões prestes a entrar em erupção que se unem e então são lavas para todos os lados. Um relacionamento do tipo mais corpóreo do que fundamentado no que cada um é. Algo que Clara jamais sentira com outro rapaz, inexplicável demais para ser posto em palavras e, isso unido ao sentimento de poder que Christian acabava lhe proporcionando inicialmente na relação, a garota se sentia nas nuvens.

Meu rosto estava pegando fogo e eu aproximei sua boca da minha. Nunca tinha sentido nada parecido, nem feito nada assim antes e, novamente, veio aquela sensação de poder. Christian me queria com tanta intensidade que eu podia sentir seu desejo. Ele estava tentando ir mais devagar, mas eu estava no controle de tudo e isso me fez sentir como se pudesse tocar os céus com as mãos. O negócio é o seguinte, pode ser muito bom fazer alguém perder completamente o controle.

Mas como nem tudo são flores, Clara vai descobrindo quem Christian é em pequenos detalhes, de antemão. São falas, expressões, comentários que no começo incitam ser algo bobo, de um cara apaixonado, mas que com o tempo se revela em algo numa dimensão maior. São esses comentários que vão fazendo com que o verdadeiro Christian “cresça” no relacionamento, mostrando seu verdadeiro eu, sem receios. E então, Clara se vê presa em um labirinto que parece nunca terminar. E que vai piorando com o passar do tempo.

“Você vestiu isso só pra mim?"
“Pode ser que sim, pode ser que não”.
“Quando você usa isso, os caras da escola devem ficar loucos – ele falou”.
(...) Achei que fosse um elogio, se espalhando sobre mim como flocos de neves brilhantes, porém, tinha um sentido diferente. Era uma gota de veneno misturada na neve recém-caída. Era aquele momento do conto de fadas, quando todo mundo sabe o que aconteceu, menos a princesa.


O livro tem uma pegada romântica e “agarra leitor” (rs) no início, trazendo um suspense viciante que vai crescendo com o passar da leitura. Eles são o típico casal com tudo para ser perfeito, se não fosse por todas as vírgulas que existem no caminho. Acredito que o casal se mostra como personagens que podem ser encontrados na vida real, ampliados com um pouco de fantasia se pensarmos pelo lado de alguém se ver presa(o) em algo como isso, ou então “leves demais” se considerarmos que há casos piores do que esse. Mesmo assim, não deixa de ser um livro romance, superação, misturado a uma pitada de segredos, mentiras e passado. Uma leitura bem gostosa.

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